Gripe suína africana na China
A China descobriu em 03/08/2018 o
primeiro foco da gripe suína africana em seus animais. Como são o maior
produtor mundial de suínos, fechando 2018 com uma produção de 700 milhões de
suínos, qualquer problema gera grandes impactos na oferta desta proteína.
A China vem sofrendo drástica redução na oferta de carne
suína. As tentativas de controle da disseminação da gripe suína africana, tem
exigido o abatimento dos plantéis nas áreas com foco da doença.
Até a detecção dos primeiros casos, o plantel chinês de
suínos era de 350 milhões. Hoje, estima-se que 10% do plantel já foi abatido,
reduzindo drasticamente a oferta interna desta proteína.
No rebanho de matrizes o efeito foi ainda maior, com 21% do
plantel já abatido, fechando o ano de 2018 com 30 milhões de matrizes. Isso
acarretará em redução de produção nos próximos 6 meses e redução na
recomposição dos planteis após a doença ser controlada.
Preferências do
consumidor
Mesmo sem ser prejudicial aos humanos, os consumidores
chineses estão, por receio, evitando o consumo de carne suína, prejudicando
ainda mais o setor pela redução da demanda por esta proteína. Assim, mesmo as
fazendas sem focos de contaminação não estão conseguindo colocação para a sua
produção.
Por outro lado, o consumo chinês de ovos, carne de frango e
de gado subiu, elevando os preços e a necessidade de importação destes
produtos.
Efeito no mercado de
proteína animal
O setor de proteína animal está precisando se ajustar ao
novo cenário, onde a China passa a ser um agressivo importador de carne de
frango, de gado e suína, sendo atendida principalmente por Brasil, Canada, EUA
e Europa.
Esta elevação na demanda tem colaborado com a elevação nos
preços das carnes brasileiras, que vinham de um ano com preços muito baixos,
que causaram resultados negativos em boa parte dos frigoríficos no ano de 2018.
Esta elevação nos preços, só começou! Projeta continuar
durante o ano de 2019 e sua velocidade deve ser similar a velocidade da
expansão da doença na China e do consequente abate dos seus planteis.
Efeito no mercado de grãos
No mercado de grãos, o efeito é contrário. A China é o maior
importador mundial de soja, farelo de soja, óleo de soja e DDG, todos matérias
primas para a produção de rações para sua produção de proteína animal. Em 2017
a China importou 94 milhões de toneladas de soja.
Com a junção da guerra comercial travada entre China e EUA
(vide artigo anteriormente publicado em https://agrosimulador.blogspot.com/)
e a redução da produção de suínos, a demanda chinesa por soja importada também
foi reduzida para 88 milhões de toneladas em 2018, devendo ser ainda menor em
2019.
Os estoques finais mundiais estão em níveis recordes,
devendo chegar a 107 milhões de toneladas de soja ao final do ciclo 18/19. O
efeito disso são preços internacionais baixos e sem perspectivas de elevações
no curto prazo.
No caso do milho, a China é o segundo maior produtor mundial
e sua importação era muito pequena, devendo não se fazer necessária no ano de
2019.
Os estoques mundiais de milho devem fechar o ciclo 18/19 em
308,5 milhões de toneladas, abaixo dos estoques dos últimos dois anos, mas
suficientes para manter os preços internacionais baixos no curto prazo.
No Brasil, estamos passando por um período de câmbio depreciado,
e isso tem viabilizado a exportação e ajudado o produtor rural com preços das
commodities ainda remuneradores.
Para saber mais sobre o mercado de grãos e de proteína
animal, projeções de preços de commodities e gestão de propriedades rurais acesse
o site www.agrosimulador.com.br
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Joel Lazzaretti
Economista - AgroSimulador
Parabéns Joel pela publicação.
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